As lesões na medula espinhal (LME) representam um dos maiores desafios da medicina moderna, muitas vezes resultando em perda de movimento e sensibilidade. Mas e se houvesse uma nova abordagem capaz de mudar esse cenário? Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em nosso querido Rio de Janeiro, estão trazendo uma luz com a Polilaminina! 💡
O Que é a Polilaminina e Por Que Ela é Tão Promissora?
A Polilaminina é uma versão estável e “turbinada” da laminina, uma proteína natural que já desempenha um papel crucial no desenvolvimento e regeneração do nosso sistema nervoso. Pense na laminina como um “caminho” que ajuda as células nervosas a sobreviver, crescer e se conectar. No entanto, após uma lesão medular, esse caminho é danificado.
É aí que a Polilaminina entra! Ela foi desenvolvida para mimetizar a estrutura natural da laminina, agindo como um agente “multitarefa” [1, 2]. Estudos pré-clínicos em roedores já mostraram que a Polilaminina pode:
- Proteger os neurônios de danos.
- Estimular o crescimento de axônios (as “fundações” dos nossos nervos).
- Reduzir a inflamação na área da lesão.
- Diminuir a perda de tecido.
Esses resultados são super animadores porque, ao contrário de outras terapias que focam em apenas um aspecto da lesão, a Polilaminina atua em várias frentes, o que a torna uma candidata muito promissora para o tratamento da LME [1].
Os Resultados Inovadores do Primeiro Estudo em Humanos
Recentemente, um estudo piloto com humanos, conduzido aqui mesmo no Rio de Janeiro, trouxe resultados nunca antes vistos [1]! Oito pacientes com lesão medular completa (aquela em que a chance de recuperação espontânea é de apenas 15% [3, 4]) receberam uma injeção de Polilaminina logo após o trauma.
E o que aconteceu? Dos seis pacientes que completaram o acompanhamento de um mês (dois, infelizmente, faleceram por complicações relacionadas à gravidade da condição, e não ao tratamento), todos os seis (100%) recuperaram algum controle motor voluntário abaixo do nível da lesão! 🤩 Isso é um salto incrível comparado à taxa de recuperação esperada.
Um dos pacientes, por exemplo, não só recuperou a sensibilidade em todas as áreas do corpo, como também voltou a controlar a bexiga e o intestino e recuperou a capacidade total de andar! 🚶♀️
Embora este seja um estudo inicial, os achados são muito significativos, sugerindo que a Polilaminina tem o potencial de se tornar uma nova terapia para restaurar a função motora em pessoas paralisadas [1].
Como a Polilaminina Ajuda na Regeneração?
A pesquisa qualitativa mostrou que, nos animais tratados com Polilaminina, os axônios que voltavam a crescer na área da lesão o faziam em contato direto com condutos de laminina [1]. Isso sugere que a Polilaminina (ou a laminina que ela estimula) cria um “tapete” ou “guia” para que esses nervos consigam atravessar a área danificada e restabelecer as conexões.
Isso nos lembra como a natureza tem mecanismos poderosos de regeneração, e a Polilaminina parece ser uma forma de potencializar esses processos.
O Futuro da Recuperação da Medula Espinhal
A lesão da medula espinhal afeta a vida de milhares de pessoas, e encontrar um tratamento eficaz é uma prioridade global. Os resultados deste estudo sobre a Polilaminina abrem caminho para novas esperanças e pesquisas. Embora mais estudos sejam necessários para confirmar esses achados e entender todos os mecanismos envolvidos, esta pesquisa é um passo gigantesco em direção a um futuro onde a recuperação da função motora após uma lesão medular completa seja uma realidade para muitos [1]!
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Referências:
- Menezes K, Lima MAB, Xerez DR, Menezes JRL, Holanda GS, Silva AD, Leite ES, Franco OB, Nascimento MA, Faria MAA, Santana CF, Abreu LV, Lichtenberger RCL, Rosa M, Graça-Souza AV, Côrtes BA, Jorge AUC, Franzoi AC, Louzada PR, Ferreira AS, Frajtag RM, Coelho‐Sampaio T. RETURN OF VOLUNTARY MOTOR CONTRACTION AFTER COMPLETE SPINAL CORD INJURY: A PILOT HUMAN STUDY ON POLYLAMININ. medRxiv. 2024 Feb 21:2024.02.19.24301010. doi: 10.1101/2024.02.19.24301010. Preprint.
- Chize CdM, Vivas DG, Menezes K, Freire MN, Jiddu RFP, Graça-Souza AV, de Souza-Leite E, Louzada PR and Coelho-Sampaio T. A laminin-based therapy for dogs with chronic spinal cord injury: promising results of a longitudinal trial. Front. Vet. Sci. 12:1592687. doi: 10.3389/fvets.2025.1592687
- Ditunno JF, Young W, Donovan WH, Marino SA. The international standards for neurological and functional classification of spinal cord injury. Spinal Cord. 1994 Nov;32(11):730-3.
-
Kirshblum SC, Burns SP, Biering-Sorensen F, Donovan W, Graves DE, Jha A, Marino RJ, Waring WP. International Standards for Neurological Classification of Spinal Cord Injury (revised 2011). J Spinal Cord Med. 2011 Nov;34(6):535-46.