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Polilaminina: Uma Luz no Fim do Túnel para Lesão Medular Crônica

Pesquisas e descobertas médicas

No nosso último post, falamos sobre os resultados incríveis de um estudo piloto com Polilaminina em humanos. Aquela pesquisa, realizada na UFRJ, no Rio de Janeiro, mostrou uma recuperação motora sem precedentes [1]. Agora, pensando um passo adiante, e para aqueles que vivem com lesões crônicas? E para nossos amigos de quatro patas, que também sofrem com a paralisia? 🐕

A boa notícia é a seguinte: a mesma equipe de pesquisadores da UFRJ, aqui no Rio, está explorando o potencial da Polilaminina para cães com lesão medular crônica. Felizmente, os resultados são muito promissores [2]!

Por Que Estudar em Cães é Tão Importante?

Cães são companheiros leais e, infelizmente, também são vítimas comuns de lesões na medula espinhal. Isso acontece por acidentes, como atropelamentos, ou por doenças degenerativas da coluna. Por exemplo, a doença do disco intervertebral (DDIV) afeta raças como Dachshunds e Bulldogs Franceses [2].

Mais importante ainda, a recuperação espontânea em cães com lesões crônicas é rara. Consequentemente, isso os torna um modelo ideal para testar novas terapias. Qualquer melhora observada, portanto, pode ser mais diretamente atribuída ao tratamento [2]. Ao estudar em cães, os pesquisadores conseguem entender melhor como a Polilaminina funciona. De fato, o cenário é mais próximo da realidade de pacientes humanos com lesões de longa data.

O Estudo: Polilaminina em Ação com um “Empurrãozinho Extra”

Neste novo estudo, seis cães paraplégicos com lesão medular crônica participaram. Eles não andavam há pelo menos 3 meses e não mostraram melhora com fisioterapia. Então, receberam a Polilaminina combinada com outras substâncias importantes [2]:

  1. Polilaminina + GDNF (Fator Neurotrófico Derivado de Células Gliais): O GDNF funciona como um “ímã” para os axônios (as fibras nervosas). Ou seja, ele os atrai para crescer na direção certa.
  2. Polilaminina + Condroitinase ABC (ChABC): Após uma lesão, forma-se uma “cicatriz” no local. Ela é cheia de moléculas que impedem os nervos de crescer. Ainda assim, a ChABC ajuda a “quebrar” essa barreira, abrindo caminho para a regeneração [2].

A ideia por trás da combinação é justamente essa: enquanto a Polilaminina estimula o crescimento e a proteção dos nervos, os outros componentes ajudam a criar um ambiente mais favorável para a regeneração. Assim, eles superam os obstáculos que surgem em lesões crônicas [2].

Resultados que Fazem a Cauda Abanar! 🐶

Os resultados foram super encorajadores [2]:

  • Segurança em Primeiro Lugar: Não foram observadas pioras neurológicas, eventos clínicos graves ou alterações preocupantes nos exames de sangue dos cães. Em suma, é um sinal excelente de que o tratamento é seguro.
  • Melhora Significativa na Marcha: A função de andar dos cães foi avaliada usando escalas específicas para lesão medular em animais (Texas Spinal Cord Injury Scale – TSCIS e Open Field Scale – OFS). Conforme observado, os escores médios de marcha melhoraram significativamente em todos os cães tratados! Isso significa que eles apresentaram melhorias na capacidade de movimento, força e coordenação, mesmo com lesões crônicas.

Embora este estudo não tenha comparado os dois tratamentos diretamente entre si, os resultados coletivos sugerem que a Polilaminina, em combinação com GDNF ou ChABC, é uma terapia segura e potencialmente eficaz. Ela pode, portanto, melhorar a função de marcha em cães com lesão medular crônica [2].

Conectando os Pontos: Da Lesão Aguda à Crônica

Este estudo em cães se alinha perfeitamente com os resultados do estudo em humanos [1]. Ele reforça o potencial da Polilaminina. Se no primeiro caso vimos uma recuperação surpreendente em lesões agudas, logo após o trauma, agora, no estudo com cães, vemos que a Polilaminina também pode fazer a diferença em lesões crônicas. Nessas lesões, as chances de recuperação são ainda menores.

Em outras palavras, isso mostra que a Polilaminina não é apenas uma esperança para o tratamento imediato. Ademais, ela pode ser uma peça chave para enfrentar os desafios das lesões medulares de longa data.

O Que Vem a Seguir?

Esses achados são um passo gigantesco e abrem caminho para mais pesquisas e estudos clínicos. O objetivo é, futuramente, desenvolver terapias eficazes para restaurar a mobilidade em cães e humanos que vivem com as sequelas da lesão medular [2].

A jornada da pesquisa é longa, mas a Polilaminina continua a brilhar como uma verdadeira esperança.

Referências:

  1. Menezes K, Lima MAB, Xerez DR, Menezes JRL, Holanda GS, Silva AD, Leite ES, Franco OB, Nascimento MA, Faria MAA, Santana CF, Abreu LV, Lichtenberger RCL, Rosa M, Graça-Souza AV, Côrtes BA, Jorge AUC, Franzoi AC, Louzada PR, Ferreira AS, Frajtag RM, Coelho‐Sampaio T. RETURN OF VOLUNTARY MOTOR CONTRACTION AFTER COMPLETE SPINAL CORD INJURY: A PILOT HUMAN STUDY ON POLYLAMININ. medRxiv. 2024 Feb 21:2024.02.19.24301010. doi: 10.1101/2024.02.19.24301010. Preprint.
  2. Chize CdM, Vivas DG, Menezes K, Freire MN, Jiddu RFP, Graça-Souza AV, de Souza-Leite E, Louzada PR and Coelho-Sampaio T. A laminin-based therapy for dogs with chronic spinal cord injury: promising results of a longitudinal trial. Front. Vet. Sci. 12:1592687. doi: 10.3389/fvets.2025.1592687
  3. Ditunno JF, Young W, Donovan WH, Marino SA. The international standards for neurological and functional classification of spinal cord injury. Spinal Cord. 1994 Nov;32(11):730-3.
  4. Kirshblum SC, Burns SP, Biering-Sorensen F, Donovan W, Graves DE, Jha A, Marino RJ, Waring WP. International Standards for Neurological Classification of Spinal Cord Injury (revised 2011). J Spinal Cord Med. 2011 Nov;34(6):535-46.

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